15 Julho 2019
O retrato de uma sociedade decididamente pós-religiosa emerge da pesquisa mais recente sobre o assunto na Grã-Bretanha: nos últimos cinco anos, os cristãos praticamente caíram pela metade, enquanto os únicos dois grupos em ascensão são os ateus e os muçulmanos.
A reportagem é de Luigi Ippolito, publicada por Corriere della Sera, 12-07-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Se, em 1983, dois terços da população britânica se identificavam com o cristianismo e, há 10 anos, ainda era a metade do total, hoje o seu número caiu para 38%: e, entre esses, apenas míseros 12% declaram pertencer à Igreja Anglicana, que, teoricamente, continua sendo a religião do estado.
Os “não religiosos” já são a maioria, com 52%, com 26% que se declaram ateus convictos, em comparação com os 10% de 20 anos atrás. E os muçulmanos registraram um salto, tendo dobrado em 10 anos, de 3% para 6% do total (número ainda muito baixo).
Os pesquisadores definiram o constante declínio da religião na Grã-Bretanha de “uma das tendências mais importantes da história do pós-guerra”: e, com a secularização da sociedade, enfraqueceu-se o papel das instituições religiosas ao determinar as normas morais e sociais.
“Outras visões do mundo – observam os pesquisadores –, como o racionalismo científico e o individualismo liberal, desempenham hoje um papel mais significativo na sociedade britânica.” O declínio da religião não se deve a um afastamento da fé por parte dos indivíduos, mas sim a uma mudança geracional: os fiéis mais antigos são suplantados por jovens que já são em grande parte agnósticos – e, portanto, se trata de uma tendência irreversível.
Resta saber se a Grã-Bretanha é uma exceção ou um exemplo: porque é verdade que, no mundo, dos países islâmicos aos Estados Unidos, houve um ressurgimento da religião nos últimos anos. Mas também é verdade que, na Europa, as tendências sociais britânicas muitas vezes anteciparam aquilo que, depois, se espalhou pelo resto do continente: e, portanto, a era pós-religiosa talvez esteja às portas.
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A era pós-religiosa que a Grã-Bretanha talvez esteja antecipando - Instituto Humanitas Unisinos - IHU